Vale avança em baixa

A Vale afirma ter testado com sucesso um novo tipo de briquete de minério de ferro, adaptado para a rota de redução direta, que contribuirá para a descarbonização da produção siderúrgica.

O novo tipo de briquete, que apoiará os esforços da indústria siderúrgica para cumprir as metas de redução de emissões em todo o mundo, emite cerca de 80% menos CO2 em comparação com os pellets em sua fabricação, diminuindo as emissões diretas e indiretas da empresa (Escopo 1 e 2). O briquete também pode ser utilizado como carga do alto-forno (BF-BOF).

A redução direta é uma das rotas utilizadas na produção de aço. É considerada mais limpa que a rota de alto-forno, pois utiliza gás natural em vez de coque – insumo obtido do carvão metalúrgico – e, portanto, emite menos carbono e outros gases de efeito estufa (GEE).

A produção de briquetes atende à tendência da siderurgia de adotar cada vez mais a rota de redução direta, afirma Vale. Estudos mostram que para cada tonelada de aço produzida no alto-forno são emitidas duas toneladas de CO2, enquanto na redução direta as emissões de carbono caem para 0,6-1 t.

Nos últimos meses, a Vale intensificou o desenvolvimento de um novo tipo de briquete para esta rota. Até o momento, foram realizados sete testes experimentais em fábricas de diversos clientes nas Américas. Os testes, conhecidos como testes de cesto, envolveram pequenas quantidades de briquetes e pellets colocados lado a lado em cestos que alimentavam os reatores.

Rogério Nogueira, Diretor de Desenvolvimento de Produtos e Negócios da Vale, disse: “Com o desenvolvimento desse novo tipo de briquete, a Vale dá mais um passo importante na sua contribuição para a redução de emissões da cadeia siderúrgica por meio da inovação, sempre em estreita colaboração com seus clientes e parceiros de desenvolvimento.”

Em um dos testes realizados, por exemplo, o novo produto superou os pellets na metalização, atingindo teor de ferro metálico em torno de 98%, enquanto os pellets atingiram 95%. Esse resultado indica que o novo tipo de briquete pode melhorar a produtividade dos clientes siderúrgicos, afirma a Vale.

O briquete também teve um bom desempenho em termos de desintegração. Em um dos testes, por exemplo, foram gerados cerca de 7% de finos, contra 14% com o uso de pellets. A menor presença de partículas finas em decorrência da desintegração facilita a passagem do gás pelo reator, aumentando a produtividade e reduzindo o consumo desse combustível, o que contribui para a redução das emissões de carbono.

O próximo passo no desenvolvimento do briquete de redução direta é a realização de testes industriais, que devem começar em junho, em um reator de um cliente na América do Norte.

Anunciado pela Vale em 2021 após cerca de 20 anos de desenvolvimento, o briquete é produzido a partir da aglomeração de minério de ferro em baixas temperaturas por meio de uma solução tecnológica de ligantes, o que confere ao produto final alta resistência mecânica. Portanto, emite menos poluentes e GEE quando comparado aos processos tradicionais de aglomeração (pelotização e sinterização).

O briquete pode substituir qualquer carga direta (sinter, granulados e pelotas) nos fornos das siderúrgicas, segundo a Vale. A substituição da etapa de sinterização na rota do alto-forno é o que permite a redução potencial de emissões de GEE em até 10%. Essa rota é a mais utilizada mundialmente, enquanto a redução direta é mais comum em regiões com abundância de gás natural a preços competitivos, como Oriente Médio, América do Norte e Argentina.

Para serem produzidos, os aglomerados de redução direta (briquetes e pelotas) necessitam de minério de ferro com maior teor, aproximadamente 67% Fe, além de baixos teores de contaminantes como sílica e alumina. Aglomerados para altos-fornos podem ser produzidos com teores de minério inferiores a 65% Fe.

A Vale afirma que está trabalhando para aumentar sua produção de minério de ferro de alta qualidade e ampliar sua capacidade de concentração de minério, o que também eleva o teor do minério de ferro, permitindo à empresa atender à demanda das siderúrgicas por esses produtos.